segunda-feira, 22 de outubro de 2012



No dia 15 de outubro os meninos do 6º ano foram à Biblioteca Municipal Albano Sardoeira (Amarante) para assistirem à  apresentação do livro Histórias para meninos crescidos, de Ilídio Sardoeira. Os alunos do 6º A, sob a orientação da professora de português Paula Magalhães, fizeram  textos sobre a descrição do livro. Que belos textos! Foi uma linda homenagem ao LIVRO enquanto objeto e ao autor Ilídio Sardoeira. Comprovem, aqui vão os textos:

Texto 1


Ao colocar as mãos no livro, recordei-me do dia em que recebi um livro do meu pai, foi num dia de sol e era um livro macio como as penas de um pássaro que voa.

“– Um pássaro! – apontariam de baixo.
– A liberdade vestida de asas – responderia com o corpo inteiro. – O meu chão, sempre que tivesse de ter um chão para meu descanso, construi-lo-ia sobre copas de árvores ou entre a sombra de um rochedo e um remanso de água. Uma vez por outra iria poisar nos fraguedos mais altos da serra – os mais altos de todos – oiçam bem. Só a chuva os viria lavar como a restos ressequidos já fora do tempo e a urze, o tojo, a giesta dançariam à minha volta uma dança colorida de roxos e amarelos, de líquenes e pólen, com a música do vento e o silencioso bater de palmas das nuvens curiosas por companhia. O seu mundo, este corpo invisível e transparente que já sinto trespassado pelas asas, apareceria pintalgado de estrelas durante a noite, e seguraria o Sol o dia inteiro com o mesmo cuidado com que se pega ao colo de uma criança.”

Toquei nas páginas do livro e ouvi o seu som; o som do vento a passar por entre as árvores.
Gostei de olhar e tocar aquele livro, aquele livro era o outono.


Atividade História para meninos Crescidos
Trabalho de Catarina, 6ºA, sob orientação da prof. de Português


 Texto 2 


Ao pegar no livro, lembrei-me de quando recebi um livro assim. O livro era macio como o teu rosto, era castanho como as folhas do outono. As suas ilustrações mostravam ser capazes de encantar as crianças felizes que gostam de brincar.     
            Ao folhear o livro, era como se o vento as estivesse a mover e, ao ouvir este som, lembrei-me de um dia, lá fora, com um livro e o vento.
            Gostei muito de olhar, ver e sentir aquele livro. Gostei muito de ler que:

“Um pássaro cantou, enquanto uma flor de cerejeira, caindo, lembrava
um adeus, branco acenado pelo vento; uma gota de orvalho começou a deslizar
pela página de uma folha como se fosse um adeus líquido num campo
longínquo, lustroso e verde; uma criança lançou uma bola de sabão ao ar e
descobriu nela a brevidade e o engano dos seus sonhos; um peixe quebrou
o espelho da água, devorou o voo de um insecto e mergulhou, mais rápido
que antes, no rio; uma estrela começou a jogar o rou-rou com os olhos
grandes e azuis de uma criança.”


Atividade História para meninos Crescidos
Trabalho de Gabriela Carvalho, 6ºA, sob orientação da prof. de Português

Texto 3
                
“– Mãe, tenho uma irmã – afirmava a Ireninha com os seus dois anos de idade.
– Tens uma irmã?
– Tenho.
– Onde está a tua irmã? Eu só conheço uma filha. É a Ireninha.
– A minha irmã está em Lisboa. A confissão misteriosa não foi mais além.
A mãe, periodicamente partia para Lisboa. Reunia os livros, preparava o saco de viagem e, naturalmente, ia fazendo recomendações que estavam fora do entendimento da filha. Mas aquele saco, tantas idas e tantas vindas pela casa toda, o arrumar dos livros e da roupa uma coisa diziam à angústia da menina – que ia ficar sem a mãe.”

Fechei o livro.
Naquele momento olhei o livro. Senti o livro. Ele trouxe-me à memória os livros que li na minha infância.
            A sua cor era a de um castanho suave e delicado, o som das suas páginas levava-me ao passado, mas o seu cheiro era a novo.
            Era o livro dos meninos crescidos, feito para meninos pequenos que gostam de ler.


Atividade História para meninos Crescidos
Trabalho de Joana Costa, 6ºA, sob orientação da prof. de Português

 Texto 4
                Estava na biblioteca, estava um silêncio imenso como se não estivesse lá ninguém.
Peguei num livro, um livro que fazia crescer uma vontade de ler. De textura macia, tinha um cheiro agradável que me despertava uma recordação antiga, não sei bem qual… talvez o dia em que recebi livros com o mesmo cheiro…
Comecei a folhear as páginas do livro… desenhos atrativos que as crianças admiram.
Estava na biblioteca, o lugar dos livros e das palavras…

E a palavra “é uma ponte que liga um menino a outro, que liga um menino a um
homem. As palavras são pontes, e são pedras e são também as gotas de um
rio que te corre na imaginação. Se não fossem as palavras tu crescerias no
tempo como um nó de solidão. (…)
 As pontes erguiam-se de uma margem do rio mas ficavam no ar, suspensas, pelo outro topo. As mesmas palavras não diziam sempre a mesma coisa, ou não diziam
coisa nenhuma. Era melhor que lhe atirassem com pedras ou sorrisos ou o
pegassem ao colo.”


Atividade História para meninos Crescidos
Trabalho de Luís Gonçalves, 6ºA, sob orientação da prof. de Português

 Texto 5
                Estava na biblioteca, quando vi um livro que me chamou a atenção, era um livro macio como o rosto de alguém, era castanho como um tronco de uma árvore suave.
            Vislumbrei dois meninos alegres como os pássaros que cantam, mas, à minha volta, havia o silêncio calado, como se não estivesse ali ninguém. Aquelas imagens recordaram-me os meus momentos de infância rodeada dos meus amigos na infância.
Peguei no livro. Cheirei o livro. Agradou-me. Vi o livro. Abri e li:

“A Rosália nunca tinha acreditado em palácios encantados. Nunca, até àquele dia...
Ninguém desenhou o traçado do que tinha diante dos olhos nem foram mãos humanas que construíram aqueles amplos e estranhos salões ou rasgaram os corredores e galerias, iluminados por potentes holofotes. A Rosália encostou bem o corpo às paredes da gruta para ter mesmo a certeza de que eram de pedra e não uma invenção da sua fantasia.
Acariciou com as mãos estalactites e estalagmites, ásperas umas vezes, escorregadias e húmidas outras. Quase rastejou ao longo de leitos de pedra que ligavam coloridos salões de sonho.
– Quem inventou e construiu este palácio rasgado na rocha? – pensava alto a Rosália. – Aqui chegava só a escuridão – sem olhos para ver nem mãos com que trabalhasse. Quem teve estes sonhos de pedra?
– Eu. Fui eu. Eu e a escuridão.
– Mas tu, quem?”

            Fechei o livro. Fiquei a pensar…


Atividade História para meninos Crescidos
Trabalho de Vera Ribeiro, 6ºA, sob orientação da prof. de Português





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