segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Escritor do mês

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha,
(São Martinho de Anta, Vila Real, 12 de Agosto
de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995)
foi um dos mais importantes escritores portugueses
do século XX.



Biografia

Filho de Francisco Correia Rocha e Maria da Conceição Barros, de gente humilde do campo do concelho de Sabrosa (Alto Douro) em Vila Real - Trás-os-Montes. Em 1917, aos dez anos, vai para uma casa apalaçada do Porto, habitada por parentes da família. Fardado de branco servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó e polia os metais da escadaria nobre, atendia campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão. Em 1918 vai para o Seminário de Lamego, onde viveu um dos anos cruciais da sua vida, tendo melhorado os conhecimentos de português, da geografia, da história, aprendido o latim e ganho familiaridade com os textos sagrados. No fim das férias comunicou ao pai que não seria padre.

Emigrou para o Brasil em 1919, com quinze anos, para trabalhar na fazenda do tio, na cultura do café. O tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925, na convicção de que ele havia de vir a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço - o que levou ao seu regresso a Portugal.

Em 1928 entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro, "Ansiedade", de poesia. Em 1929, com 22 anos, deu início à colaboração na revista Presença, folha de arte e crítica, com o poema “Altitudes”. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário avançado de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, era bandeira literária do grupo modernista e era também, bandeira libertária da Revolução Modernista. Em 1930 rompe definitivamente com a revista Presença, por "razões de discordância estética e razões de liberdade humana".

É bastante crítico da praxe e das restantes tradições académicas, e chama depreciativamente "farda" à capa e batina, mas ama a cidade de Coimbra, onde viria também a exercer a sua profissão de médico a partir de 1939 e onde escreve a maioria dos seus livros. Em 1933 concluiu a formatura em Medicina, com apoio financeiro do tio do Brasil. Exerceu no início nas agrestes terras transmontanas, de onde era originário e que são pano de fundo da maior parte da sua obra.

Casa com Andrée Crabbé em 1940, estudante de nacionalidade belga - aluna de Estudos Portugueses, ministrados por Vitorino Nemésio em Bruxelas - que viera a Portugal para frequentar um curso de férias na Universidade de Coimbra. A sua filha, Clara Rocha, nasce a 3 de Outubro de 1955.

A origem do pseudónimo

Em 1934, aos 27 anos, Adolfo Correia Rocha autodefine-se pelo pseudónimo que criou, "Miguel" e "Torga". Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo. A sua campa rasa em São Martinho de Anta tem uma torga plantada a seu lado, em honra ao poeta.



1 comentário:

  1. Miguel Torga Poeta e prosador - 1907-1995)
    Prémio "Almeida Garrett" - 1954.

    (...) Hoje
    sei apenas gostar
    duma nesga de terra
    debruada de mar.

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